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Forças

Leis de Newton

As Leis de Newton descrevem relações entre o movimento de um objeto e as forças que atuam no mesmo.

As Leis abaixo só se aplicam num referencial inercial. Mas o que é um referencial inercial?
É mais fácil com um exemplo. Consideremos um autocarro com um pêndulo. Se o autocarro estiver em repouso, o pêndulo também o está e as únicas forças que atuam no mesmo são o peso e a tensão. No entanto, se o autocarro iniciar movimento com aceleração constante, o pêndulo irá ter força resultante não nula, pelo que, pela Primeira Lei, terá de estar em movimento. Ora, se o nosso referencial for alguém dentro do autocarro, o pêndulo está em repouso (referencial não inercial). Se o referencial for algo exterior ao autocarro, por exemplo a estrada, o pêndulo irá estar em movimento, de acordo com a Primeira Lei (referencial inercial). Um referencial é inercial quando não está sob aceleração.

Primeira Lei

Também chamada a "Lei da Inércia", esta lei diz que se a soma das forças das forças aplicadas num corpo for nula, a velocidade desse corpo não se altera.
Por outras palavras, um corpo em repouso permanece em repouso e um corpo em movimento permanece em movimento com velocidade constante, se e só se a soma das forças aplicadas no mesmo for nula.

Em termos matemáticos, podemos escrever a Lei da seguinte forma:

Fcorpo=0 ⁣dv ⁣dt=0F_{\text{corpo}} = 0 \Leftrightarrow \frac{\d v}{\d t} = 0

Segunda Lei

A segunda lei relaciona a aceleração, aa, de um corpo de massa mm com a soma das forças aplicadas no mesmo, FF. A soma de todas as forças aplicadas no corpo é igual ao produto da sua massa com a sua aceleração.

Fcorpo=maF_{\text{corpo}} = ma

Terceira Lei

A terceira lei diz-nos que todas as forças entre dois objetos existem em pares, com a mesma intensidade e sentidos opostos.

Tipos de Forças

Já vimos algumas forças até agora, mas iremos aprofundar quais os tipos de forças que existem, quais são e quando existem.

  • Forças de Contacto

    • Normal (Reação Normal)

    • Tensão

    • Força Elástica

      F=k(ll0)el\vec F = -k(l-l_0) \vec e_l

    • Impulsão

      I=Peso do volume deslocado=Vρliqg\vec I = \text{Peso do volume deslocado} = V \cdot \rho_{\text{liq}} \cdot g

    • Atrito Sólido-Sólido

      Em repouso, FatritoμsN\vec F_{\text{atrito}} \leq \mu_s \cdot |\vec N|
      Em movimento, Fatrito=μkN\vec F_{\text{atrito}} = \mu_k \cdot |\vec N|

    • Atrito Sólido-Fluido

      Regime em baixas velocidades: F=bv\vec F = - b\vec v
      Regime a velocidades elevadas: F=kv2ev\vec F = -k v^2 \vec e_v

  • Forças de Campo (forças de não contacto)

    • Força Gravitacional

      F=GM1M2r2er\vec F = - G \frac{M_1 M_2}{r^2} \vec e_r

      G=6.67×1011Nm2kg2G = 6.67 \times 10^{-11} \op{Nm}^2 \op{kg}^{-2}

    • Peso

      P=mg\vec P = m \vec g

      g=9.8ms2|\vec g| = 9.8 \op{ms}^{-2} (na superfície da terra)

    • Força Elétrica

      F=+14πϵ0Q1Q2r2er\vec F = + \frac{1}{4 \pi \epsilon_0} \frac{Q_1 Q_2}{r^2} \vec e_r

      ϵ0=8.85×1012c2/Nm2\epsilon_0 = 8.85 \times 10^{-12} \op{c}^2 / \op{Nm}^2

    • Força Lorentz

      F=qv×B\vec F = q \vec v \times \vec B

Análise de Sistemas de Forças

tip

Quando estamos a analisar um exercício de forças, devemos seguir alguns passos de forma a conseguir chegar ao fim. Claro que como com qualquer lista de passos, não precisamos de os seguir à risca, mas ajudam bastante na resolução.

  1. Isolar objetos
  2. Fazer o diagrama de forças
  3. Escolher o sistema de coordenadas
  4. Escrever as equações do movimento (F=ma\vec F = m \vec a)
  5. Aplicar restrições (e.g. algumas variáveis serão constantes, outras nulas)
  6. Resolver as equações

Tomemos como exemplo uma força a ser aplicada em dois blocos de massa m1m_1 e m2m_2 respetivamente, tal como representado na figura abaixo. Desprezando a força de atrito, qual é a aceleração de ambos os blocos, e que força exerce o bloco 1 no bloco 2?

Bloco 1 e Bloco 2, com uma força F aplicada no bloco 1

  1. Comecemos por isolar os objetos. Claramente temos presentes dois blocos. Não podemos considerar os dois blocos como um todo, visto que queremos estudar as interações entre eles (F1,2\vec F_{1,2}/F2,1\vec F_{2,1}).

  2. Desenhamos então o diagrama de forças.
    No bloco 1, atuam a força exterior F\vec F, o peso e a normal, e a força que o bloco 2 exerce no bloco 1 (F2,1\vec F_{2,1}).
    De forma semelhante, no bloco 2 atuam o peso e a normal, e a força que o bloco 1 exerce no bloco 2 (F1,2\vec F_{1,2}).

    Diagrama de Forças

  3. Claramente o sistema de coordenadas mais indicado para esta situação é o sistema de coordenadas cartesianas.

  4. Vamos agora escrever as equações que descrevem o sistema de forças.

    Corpo 1 Corpo 2
    ex\vec e_x FF2,1=m1a1xF - F_{2,1} = m_1 a_{1x} F1,2=m2a2xF_{1,2} = m_2 a_{2x}
    ey\vec e_y N1P1=m1a1yN_1 - P_1 = m_1 a_{1y} N2P2=m2a2yN_2 - P_2 = m_2 a_{2y}
  5. Aplicamos agora as restrições. Sabemos que os blocos não se movem na vertical, pelo que y1 = y2 = constantey_1~=~y_2~=~\text{constante}. Sabemos também pela Terceira Lei de Newton que F1,2=F2,1F_{1,2} = F_{2,1}. Finalmente, os dois blocos movimentam-se juntamente, pelo que as suas velocidades são iguais, x˙1=x˙2\dot x_1 = \dot x_2.

  6. Resolvendo agora, vemos que como y1=y2=constantey_1 = y_2 = \text{constante}, temos que a1y=a2y=0a_{1y} = a_{2y} = 0. Também reparamos que, se x˙1=x˙2\dot x_1 = \dot x_2, então ax1=ax2=axa_{x1} = a_{x2} = a_x.

    Portanto podemos agora manipular as equações do ponto 4).

    Para a componente vertical,

    N1P1=0    N1=P1N2P2=0    N2=P2\begin{darray}{c} N_1 - P_1 = 0 \implies N_1 = P_1 & N_2 - P_2 = 0 \implies N_2 = P_2 \end{darray}

    Para a componente horizontal,

    FF2,1=m1a1xFF1,2=m1axF1,2=m2a2xF1,2=m2ax\begin{darray}{c} F - F_{2,1} = m_1 a_{1x} \Leftrightarrow F - F_{1,2} = m_1 a_x\\ F_{1,2} = m_2 a_{2x} \Leftrightarrow F_{1,2} = m_2 a_x\\ \end{darray}

    Juntando as duas:

    Fm2ax=m1axax=Fm1+m2F - m_2 a_x = m_1 a_x \Leftrightarrow a_x = \frac{F}{m_1 + m_2}

Força de Atrito Sólido-Sólido

Quando temos interação entre dois sólidos, pode existir uma força contrária ao movimento (ou que previne o movimento), chamada Força de Atrito.

Força de atrito a ser aplicada num bloco

Quando o corpo está em repouso e estamos a aplicar-lhe uma força, estamos perante uma Força de Atrito Estático. A intensidade dessa força acompanha a força aplicada, contrariando-a, evitando assim o movimento. Por razões óbvias, a intensidade da força de atrito nunca pode exceder a intensidade da força aplicada, caso contrário observaríamos movimento no sentido oposto.
Assim, a força de atrito estático é dada por:

FatritoμsN\vec F_{\text{atrito}} \leq \mu_s \cdot |\vec N|

onde μs\mu_s representa o coeficiente de atrito estático (static).

Quando é alcançado o valor máximo para FatritoF_{\text{atrito}}, o corpo inicia o seu movimento, onde começa a atuar a Força de Atrito Cinético, com intensidade fixa, e que geralmente tem um coeficiente de atrito mais baixo.
Assim, a força de atrito cinético é dada por:

Fatrito=μkN\vec F_{\text{atrito}} = \mu_k \cdot |\vec N|

onde μk\mu_k representa o coeficiente de atrito cinético (kinetic).

Podemos observar este seguinte gráfico para estudar a intensidade da força de atrito, FaF_a, em função da intensidade da força aplicada, FF.

Força de atrito em função da força aplicada